segunda-feira, 1 de março de 2010

À Lila.

À Lilá, a minha maneira.
(Vladimir Maiakóvski que me perdoe)

Se eu pudesse e os deuses permitissem, teria assistido hoje ao teu despertar.
Não pensei em ti nesses últimos tempos. Se pensei, pensei pouco... Uma quantidade insignificante diante do tanto que eu te amei ao decorrer desses três anos.
E se eu fosse parar pra pensar nesse instante o que você esta pensando, diria que sente o mesmo.
Temos vagas lembranças, uma vez ou outra, quando falamos de um determinado assunto com as varias pessoas que insistem ficar ao nosso redor... Mas quando ficamos sozinhos, somos apenas uma mera melancolia que se misturam no meio de tantas outras. Uma saudade nostálgica que nem é tão grande assim, mas mexe com o nosso subconsciente.
E eu, sinceramente, não sei como ainda consigo escrever como se fossemos um só, como se nunca tivéssemos deixado de ser.

“O ar está corroído pela fumaça do cigarro.
O quarto,
É um capítulo do ‘Inferno’ de khutchônikh.
Lembra,
Foi aqui, nesta janela
que pela primeira vez
acariciei, loucamente, teus braços.”

Eu deixei você deitar no meu colo, e aquela bateria enferrujada nos deixava afastados das pessoas que estavam no Lar naquele aconchegante finalzinho de tarde.
Começamos a nos acariciar de uma maneira tão comum e ingênua que ninguém mais naquela sala existia naquele momento, era mágico.
A sua respiração ofegante e nervosa afirmava o que estava pra acontecer: uma explosão inevitável de sentimentos. E pensando melhor agora, nem me lembro mais como foi que fomos parar naquele sofá empoeirado e quebrado.
Não gosto de me lembrar disso e eu sei que você também não. Vou parar por aqui.

“(...) hoje estás sentada lá
com um coração de metal.
Mas um dia
Talvez,
E xingando-me,
Tu me mandarás embora.
Na ante-sala turva, muito tempo o meu braço
Despedaçado por uma tremedeira
Não conseguirá encontrar a manga.
Fugirei
Jogando o meu corpo na rua.
Selvagem
Açoitado pelo desespero,
Ficarei louco.
Não, isto não deve ser.
Minha queria,
meu amor,
melhor nos separarmos
agora.
De qualquer maneira
Para onde quer que fujas
Meu amor pesará sobre ti
Como um grande altere.
Deixa-me, uma ultima vez,
Berrar a minha queixa amarga.
Se o boi
Está sobrecarregado pelo trabalho
Ele vai
E deita na água fria,
Mas afora teu amor,
Para mim,
Não existe mar,
E mesmo chorando,
Teu amor não me deixará paz.”

De qualquer maneira, para onde eu fugir, meu amor pesará sobre ti. Às vezes mais forte, às vezes menos, mas afora teu amor, para mim, não existe tempo.

Não sei se volto, e talvez não volte nunca.
E se voltasse, lha pediria em casamento; não aceitaria ‘não’ como resposta.
Prometo-te os extremos brasileiros, como prova do meu amor.
Levarei-te aos meus lugares preferidos e conversaremos sobre o que você gosta de conversar.
Mesmo não te reconhecendo mais... Sabendo que te conheço por essência, desconhecendo o seu instinto sonhador, perdido num mundo que eu não faço mais questão de participar.
Vou te convidar pra beber um absinto e tentar te convencer que você é o grande amor da minha vida.

“Se procura o teu descanso, o elefante fatigado
pode deitar, como um rei, na areia ardendo.
Mas para mim,
afora o teu amor
não existe sol.
Não sei onde estás. Nem com quem.
Se ele fosse poeta
Aquele que torturas assim, poderia trocar o teu amor
Pela glória ou dinheiro.
Mas a mim
Nenhum som deixa alegre
Afora o som do teu nome bem-amado.
Não vou me jogar pela janela,
Não vou tomar veneno
Nem apertar o gatilho contra a minha cabeça.
Para mim não existe lamina nem faca
A não ser o teu olhar.
Amanhã esquecerás
que te coroei,
que o teu amor incendiou a minha alma em flores
e o vão carnaval dos dias que te foram
vai dispersar as páginas do meu caderno...
As minhas palavras, folhas mortas,
Poderão forçar-te
A parar
Sem fôlego?

Ao menos me deixe
Cobrir de um ultimo carinho
Teu passo que se afasta.”


Se procura o teu descanso, sei que encontra. Como consegue tudo que quer a toda hora, e todo momento.
Mais a mim, afora teu amor, nenhum defeito teu irá me deixar sem inspiração.
Não sei onde estás, nem com quem. E sinceramente, não quero saber.
Pelos caminhos inseguros, que eu sei, continuas a percorrer
As pessoas que vem e vão, que te cumprimentam, ou não. Não me chamam a atenção.
Aquela que te faz agora companhia, se fosse poeta, te trocaria por algo maior e mais caro.
Mas competência lhe falta, como te falta também.
Amanhã vai esquecer, hoje mesmo não te lembras,
Que ontem, e talvez a vida toda,
Sem você meu amor, eu não sou ninguém.

Perdão forçá-lo, como sempre faço.
Forçar-lo a dizer e fazer o que não queres.
Principalmente pensar. Sei que te obrigo a pensar mais do que gostaria.
Ao menos me deixe
Envolver-te de um ultimo gesto de amor.
"Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente."

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