sábado, 19 de junho de 2010

Naquele frio, pensava eu que o mundo podia parar. Só por um instante. Só enquanto eu arrumo as gavetas desarrumadas. No exterior dos meus olhos tudo estava caótico. O transito. As pessoas. O humor. O barulho.
Eu precisava de silencio. Só o silencio me levaria até você. Tem dias que o cansaço toma espaço e congela o coração.
Um pouco de tempo pra regularizar a respiração, já traria o sentido que estava faltando.
Mas nada mudava. Tudo continuava passando no mesmo ritmo. Nada entrava ou saia do lugar.
O sentimento de estagnação, de tontura, era cada vez maior. Parecia que nada voltaria a ser como antes. Precisava de um abraço seu... mas você continuava calado, como se em sua cabeça, realmente, tudo estivesse parado. Nada se movimentava.
Resolvi não pensar mais em nada. Fechei os olhos por um instante, não me importando com as lagrimas que dele caiam. Comecei a sentir. Sentir os pelos do meu braço arrepiarem, a escutar a musica longe e baixinha, deixando que ela me aquecesse.
Ainda precisava da sua respiração onde eu pudesse tocá-la.
Acendi um cigarro meio que automaticamente. Continuava calada. Você é a única pessoa que ainda me deixa sem saber o que dizer.
Queria te envolver em meus pensamentos, te fazer entender as coisas como eu entendo, escutar as coisas como eu escuto, sentir o ar como eu sinto.
A cada tragada que passava te sentia mais distânte.
Não te fiz entender nada, nem ouvir nada.
Mas por algum motivo você respeitou o meu momento. Por raiva ou distração... você simplesmente não falou nada.
Congelo essa cena no meu refugio, nas minhas gavetas entreabertas e bagunçadas.
Não vejo lugar melhor pra consevar o amor que sinto por você.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

20 anos depois.

Avistei a casa de longe. Era modesta e tinha flores bem cuidadas no jardim. Janelas fechadas e um tapete escrito “bem-vindo” na porta.
Bati na porta com cuidado, talvez ela estivesse dormindo, pensei.
O dia estava lindo, sem nuvens no céu e o sol brilhava como nunca. Bati outra vez e notei a porta aberta. Abri tentando não fazer barulho e logo senti um forte cheiro de café fresco e pão de queijo recém tirado do forno.
“Ah! Olá! Desculpe, não ouvi você bater. Por favor, entre.”
Sua voz era doce e o seu olhar não escondia a solidão para qual se entregou depois de tantos anos. Os cabelos mais revoltosos do que nunca, mas dessa vez os cachos carregavam o peso da maturidade dando ao preto natural rajadas charmosas de prateado.
Pelos deuses como continuava linda.
“A porta estava aberta e não pude resistir ao cheiro do café.”
“Você continua pontual. 3 colheres de açucar?”
Como ela ainda podia lembrar? Sim, Clarice, 3 colheres de açucar.
A casa escura dava ao ambiente um tom sombrio, mas aconchegante. Havia livros espalhados por todos os lados, estantes e mais estantes habitados por folhas de papeis amareladas e empoeiradas.
“Você ainda gosta das janelas fechadas.”
“Posso abrir se isso te incomoda”
Não era a escuridão que me incomodava, e sim o cheiro de uísque vencido e cigarro mofado. Porém aquele cheiro forte se misturava com seu perfume de pacholli o que dava a ela um ar mais sensual do que me lembrava.
“Assim está ótimo.”
Deu um sorriso de canto de boca e me convidou para sentar sem se incomodar com a bagunça aparentemente natural da mesa. Afastou alguns blocos de anotações e acomodou as xícaras de café.
“Inspirações”. Murmurou discretamente.
Ao se sentar tomou um grande gole do café e mordeu um pedaço do pão de queijo.
“Vamos começar então Clarice.”
Ela me olhava fixamente, com a mesma seriedade e desconfiança de sempre.
“Jornalista? Quem diria. Eu sempre te imaginei sentado em um ateliê fumando um charuto fedido, pintando telas surrealistas e reclamando por ser um artista não compreendido.”
Ela sempre me arranca um sorriso, fosse qual situação eu estivesse.
“Você realmente me imagina reclamando de alguma coisa?”
“Pensei que o tempo o ensinaria a se impor mais.”
“E ensinou. Mais não viemos aqui falar de mim. Eu, pelo contrario, sempre soube que você seria uma grande escritora”
“Mesmo assim nunca gostou das coisas que eu escrevia sobre você”
“Não gostava do fato de que soubesse mais sobre mim do que eu mesmo.”
Ela deu mais um grande gole do café. Estava distante como se ainda fizesse doer algumas feridas do passado. Comecei a duvidar se era realmente eu a pessoa certa para estar ali. “Ela não mentirá pra você” disse o editor chefe, “me traga seus segredos e eu te darei a primeira pagina.”.
“Me desculpa pela bagunça da casa. Eu andei meio ocupada com as plantas essa semana”
“Eu gosto. Gosto do cheiro impregnado nessas paredes. É tudo tão seu. Eu, sinceramente, estava com medo da Clarice que ia encontrar, mais fico feliz de ver a mesma personalidade forte de sempre”
“É isso que você vê nessa desorganização? Uma personalidade forte?”
“Não estou vendo desorganização nenhuma aqui! Vejo tudo na mais perfeita ordem imposta por você.”
Parecia surpresa com a minha resposta, não estava acostumada a ser elogiada por mim. Continuava calada e com o olhar fixo.
“Vamos começar logo com as perguntas?”
“Sim, claro. Se importa de me acompanhar até a sala, sou mais sincera quando estou confortável.”
Acenti com a cabeça.
Ao chegar na sala, Clarice abriu todas as janelas. O sol, mesmo muito claro e vivo, tocou os moveis com cuidado, como se pedisse permissão para entrar. Devagar, cauteloso, insistindo em uma aproximação, que parece não ter dado muito certo das outras vezes. Do contrario, o vento forte do verão trazia consigo o cheiro intenso de jasmim, fazendo com que muitas folhas se espalhassem pelo chão. Mas Clarice não pareceu se importar e fechou os olhos sentindo como nunca a luz do sol em seu rosto.
Só assim pude vê-la mais claramente. Usava um vestido muito caseiro e a simplicidade quase a tornava ingênua, para não dizer indefesa, mas eu ainda a conhecia muito bem, e sabia que daquela mulher, agora muito mais densa e madura, se podia esperar muita coisa.
“Comecemos então”
Eu pude sentir a mais doce voz me tirando do transe que eu nem tinha me dado conta de ter entrado. Ela se sentou na poltrona quase sumindo entre as almofadas, mostrado sutilmente as pernas roliças e tão excitantes quanto eu me lembrava. Tirei meu gravador de dentro do bolso esquerdo, me sentei na cadeira estofada atrás de mim e respirei fundo: “que aquilo não fique mais difícil do que já está”
“Esse seu novo livro é bem diferente do tema das suas poesias. Algum motivo especial para uma mudança tão repentina de publico? Quer dizer, por que a aposta agora em um livro infantil?”
Eu continuava nervoso. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Estava naquela profissão a anos, já havia me acostumado com esse tipo de situação. Clarisse, pelo contrario, estava mais segura de si do que nunca.
“Poesia é pra ler com os dentes e mastigar bem. Sentir o bolo alimentar passar pela garganta e esperar quieto a digestão. A maioria das pessoas não estão preparadas para ‘fazer o quilo’. As crianças, pelo contrario, estão com fome de algo que as fascine, sabendo então o que fazer com um banque de palavras, eu estou apostando nisso.”
Tomou mais um grande gole da xícara de café.
“O que te fez escrever ‘O que não fazer dentro’?”
“Ah sim, é um dos meus livros preferidos. Baseado em ‘A Utopia’, a obra de um grande escritor do século XVIII, Thomas Mouros, definitivamente uma bela obra de arte. É a ideia do não-estado, não-capital, não-poder. Eu odeio o poder e o que ele faz com as pessoas. As torna podres e mesquinhas. Mas parece que na sociedade de hoje, esse é o único objetivo que interessa. O que fariam as pessoas se esse objetivo não existisse? É mais ou menos isso que eu questiono. Sei lá. Qualquer um pode criar o seu mundo imaginário. Mesmo que este mundo seja a utopia dentro da utopia.”
“Você acha o Brasil podre e mesquinho?”
“Acho as pessoas podres e mesquinhas, foram elas que começaram com toda essa merda. As leis aqui são como ninfetas virgens. Prontas e feitas para serem estrupadas. O que faria o ser humano se não tivesse leis para burlar? A vida perderia o seu significado então? Somos, com certeza, muito maiores do que isso.”
“Você aposta em um ser humano politicamente correto? Como a poesia metrificada e versos decassílabos.”
“Nada faz mais mal a poesia do que métrica e versos decassílabos.”
“Por que você escreve?”
“Escrevo para ser amada. (Sim, García Márquez e Nicolas Behr já o disseram. Repito.)”
“E o por que do isolamento?”
“Faz-me muito bem. Eu passei muito tempo vivendo e me alimentando do caos. Hoje me contento com apenas com a minha bagunça interior e a poeira dos meus livros, me ajuda a escrever. Gosto das minhas plantas, do meu peixe e do pão de queijo caseiro. E quando chega a noite, não preciso mais do que uma dose dupla de uísque e minha maquina de escrever.”
“Isso é bem a sua cara mesmo. Já te vi reclamando muito de solidão. Não sente mais esse vazio?”
“Vazio? Não, não. As vezes me incomodo com o silencio, mas depois percebo que a natureza nunca se cala e sempre conversa comigo. Seria injustiça, diante de todo esse verde, dizer que me sinto sozinha.
“É difícil te imaginara assim, sem presença física de amor, sem o natural contato de pele com pele. De onde tira tanta inspiração para seus contos eróticos?”
“Posso estar isolada agora, mas tenho muitas experiências e boa memória. Parece engraçado de se dizer, mas tive muitas cobaias. Sem falar que escrevo esses contos a muito tempo; sei o que chama a atenção do publico.”
Respirei fundo. Eu via diante de mim uma Clarice que não conhecia. Profissional e direta. Sempre insisti em dizer que nunca vi muito sentido em seus pensamentos, sem falar na bebida, nunca gostei de ve-la beber; nos seus atos e surrealismo exagerado, mas a verdade é que nunca consegui admitir no ser humano maravilhoso que conseguia ser sem fazer esforço.
Continuava parado, admirando-a. Decidi que era daquela maneira que queria lembrar-me dela. Afogada em almofadas, sensualmente aconchegante e com uma grande caneca de café na mão.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

que tenha se transformado em passado antes de virar futuro


faz parte de um conversor de partículas particulares que só quem sabe identificar quantas ofensas cabem dentro de uma caixinha de dialogo que nem mesmo fui eu que abri tenho em mim todos os sonhos do mundo como diria fernando pessoa agora e por saber quão certo ele esta que lhe dou os diálogos surrealistas que quiser sem reclamar se amanha não estará aqui como sempre nunca esteve.


(03:52) :q eu pintei o inferno com tinta suvinil azul
(04:03) Sofia: e fico bunito?
(04:04) :nem fiquei lah pa ver
(04:04) Sofia:então nao deveria ter se dado ao trabalho
(04:05) :q nada sou voluntario
(04:06) Sofia:tá dificil vender a alma ao diabo hoje em dia, por excesso de oferta
(04:07) :eh para de aumentar essa concorrencia ae
(04:08) Sofia:qe qe é WTF?
(04:10) :der sabe nao?!
(04:11) :what the fuck
(04:11) Sofia:logico qe eu sabia queria saber se voce sabia também
(04:12) Sofia:mais eu pensei em WhaT Fuck
AUHAHUAHAUHUHAUHAHAHHA
(04:13) :oO
(04:13) Sofia:pra mim fez sentido
(04:15) :rofl
(04:16) Sofia:beleza
(04:19) :lmao
(04:24) Sofia:comé qe faz?
(04:25) :com o lapis
(04:26) Sofia:facil assim?
(04:27) :easy
(04:29) Sofia:minha mae tá limpando o banheiro! OO'
(04:30) :praq?
(04:31) Sofia:pra ficar sujo
(04:32) :melhor suja então pra fica limpo
(04:33) Sofia:qe qe vce tá fazendo ae?
(04:34) :porra nenhuma
(04:45) Sofia:hum e ae cat, qer tc?
(04:46) :ñ mto tarde pra isso

FAIL.

domingo, 18 de abril de 2010

por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade.

a insônia me deu fome. fui até a cozinha e preparei um sanduiche com bastante manteiga e comi sem pensar em nada. só no delicioso sabor que era ovo mexido com pão.
coloquei a culpa da falta de sono no horario de verão que havia acabado no dia anterior. acabei de comer, coloquei o prato na pia, me servi de mais uma xícara de café e acendi um cigarro.
segunda feira, 22 de fevereiro de 2010.
meu ano começa hoje.
primeiro dia de aula, reunião com o pessoal do teatro, estudar para o concurso, arranjar um emprego temporário.
esse ano, que começa hoje, eu prometo mudar. mais ainda nada está diferente.
a mesma insônia cansativa, os mesmo livros pra ler, os mesmos filmes pra assistir.
vou sair de casa as 6:50 para encontrar as mesmas pessoas de sempre, fumar o mesmo cigarro, pegar o mesmo onibus; vou passar pela garagem e lembrar mais uma vez das folhas que eu ainda não varri. mas, curiosamente, não estou inquieta como de costume. alguma coisa dentro da minha cabeça diz que algo novo me espera e não preciso me desesperar.
"tudo ao seu tempo."
esse tempo agora tão meu como nunca.
sentada nessa cadeira desconfortável, não suportando mais esse cheiro de cigarro, sinto agora, pela primeira vez a muito tempo, que as mudanças finalmente começaram a acontecer. mesmo que tudo pareça tão igual como sempre.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Mais uma dose, dois cubos de gelo, dois dedos de uísque.
A camisola transparente chamava a atenção para o bico dos seios levemente rosados e saudáveis. As unhas bem feitas entravam em harmonia com os pés delicados. As pernas bem depiladas realçando as curvas perfeitas. Os cabelos loiros bem escovados, como o macio do veludo, soltos, revoltosos, caídos sobre o ombro.
“Onde ele está?”
Eram pouco mais de duas da manhã, fazia frio lá fora.
O apartamento era tomando pela fumaça do Calton vermelho e o silencio era ensurdecedor.
Devenue sumia no sofá. Exausta. Entediada.
“Onde ele está?” pensava insistentemente, com os olhos fixos na porta sentindo as pálpebras cederam ao tédio, à embriaguês.
Seria mais uma noite sozinha, afundada numa garrafa de uísque envelhecido.
Sua vulva padecia. Molhada, contraída, vazia. Seu olhar tenso e longe pensando em quantas doses mais precisaria para parar de ceder às emoções. E se fosse preciso mais que a garrafa inteira? Seria necessário ir até o bar mais próximo?
“Ele disse que viria!”
Prometeu que estaria com ela aquela noite. Custasse o que custar.
Teria ficado preso no trabalho? Ou será que sua mulher passou mal de novo? Tantas hipóteses e nenhuma resposta. Era de enlouquecer.
Levantou do sofá, já meio tonta, contemplando com calma os ralos pingos de chuva pela janela. Lá de cima tudo era silencioso, calmo, quase não se ouvia os carros passando pela Avenida 85 que mesmo de madrugada, estava muito movimentada.
“Ele podia ao menos ter telefonado...”
Nada. Nem um sinal.
Até quando poderia viver daquele jeito? Até quando a idade lhe permitiria esse luxo de esperar? Perguntas retóricas e sem importância àquela hora da noite.
Contemplou por alguns instantes o apartamento deserto. Caminhou em círculos pela sala. Já não se lembrava porque se sentia tão sozinha.
Fechou os olhos como se nunca mais fosse abri-los de novo. Tomou a dose de uísque num só gole e sentiu o seu corpo esquentar rapidamente explodindo em fervorosa luxuria. As pontas dos dedos dos pés adormecidos e tomados por uma sensação psicológica de gozo. Desequilibrou-se por um instante caindo sobre os joelhos no carpete impecavelmente limpo. Ainda com uma mão segurava o copo vazio, ocupado somente pelas pedras de gelo ainda não totalmente derretidas. Tocou a vagina e a sentiu levemente molhada implorando para ser penetrada, varias varias varias vezes de novo e de novo. Lambeu os dedos lubrificados deixando morder de leve os lábios úmidos e carnudos. Sentiu-se ainda mais excitada. Com os olhos ainda fechados pegou um dos gelos do copo e chupou-os incessantemente, escorregando-os pelo queixo deixando carinhosamente arrepiarem os bicos dos seios rosados. Sentindo-se prestes a gozar, segurou o desejo descendo o gelo cuidadosamente até os pelos pubianos, penetrando cuidadosamente os dedos gelados varias varias varias vezes de novo e de novo, até finalmente sentir escorrer por entre a virilha o liquido quente e cheio de vitalidade. Reduziu um pouco da velocidade quase se rendendo a embriagues, quando se viu preste a querer gritar loucamente, gemer até não poder mais agüentar-se de prazer. E ali mesmo deitada no carpete penetrando-se deliciosamente, se deixando levar pelo movimento incessante dos quadris, gozou de novo até estar tão molhada como nunca esteve. Parou de uma vez, exausta e insaciável diante da melhor foda de sua vida.

segunda-feira, 1 de março de 2010

À Lila.

À Lilá, a minha maneira.
(Vladimir Maiakóvski que me perdoe)

Se eu pudesse e os deuses permitissem, teria assistido hoje ao teu despertar.
Não pensei em ti nesses últimos tempos. Se pensei, pensei pouco... Uma quantidade insignificante diante do tanto que eu te amei ao decorrer desses três anos.
E se eu fosse parar pra pensar nesse instante o que você esta pensando, diria que sente o mesmo.
Temos vagas lembranças, uma vez ou outra, quando falamos de um determinado assunto com as varias pessoas que insistem ficar ao nosso redor... Mas quando ficamos sozinhos, somos apenas uma mera melancolia que se misturam no meio de tantas outras. Uma saudade nostálgica que nem é tão grande assim, mas mexe com o nosso subconsciente.
E eu, sinceramente, não sei como ainda consigo escrever como se fossemos um só, como se nunca tivéssemos deixado de ser.

“O ar está corroído pela fumaça do cigarro.
O quarto,
É um capítulo do ‘Inferno’ de khutchônikh.
Lembra,
Foi aqui, nesta janela
que pela primeira vez
acariciei, loucamente, teus braços.”

Eu deixei você deitar no meu colo, e aquela bateria enferrujada nos deixava afastados das pessoas que estavam no Lar naquele aconchegante finalzinho de tarde.
Começamos a nos acariciar de uma maneira tão comum e ingênua que ninguém mais naquela sala existia naquele momento, era mágico.
A sua respiração ofegante e nervosa afirmava o que estava pra acontecer: uma explosão inevitável de sentimentos. E pensando melhor agora, nem me lembro mais como foi que fomos parar naquele sofá empoeirado e quebrado.
Não gosto de me lembrar disso e eu sei que você também não. Vou parar por aqui.

“(...) hoje estás sentada lá
com um coração de metal.
Mas um dia
Talvez,
E xingando-me,
Tu me mandarás embora.
Na ante-sala turva, muito tempo o meu braço
Despedaçado por uma tremedeira
Não conseguirá encontrar a manga.
Fugirei
Jogando o meu corpo na rua.
Selvagem
Açoitado pelo desespero,
Ficarei louco.
Não, isto não deve ser.
Minha queria,
meu amor,
melhor nos separarmos
agora.
De qualquer maneira
Para onde quer que fujas
Meu amor pesará sobre ti
Como um grande altere.
Deixa-me, uma ultima vez,
Berrar a minha queixa amarga.
Se o boi
Está sobrecarregado pelo trabalho
Ele vai
E deita na água fria,
Mas afora teu amor,
Para mim,
Não existe mar,
E mesmo chorando,
Teu amor não me deixará paz.”

De qualquer maneira, para onde eu fugir, meu amor pesará sobre ti. Às vezes mais forte, às vezes menos, mas afora teu amor, para mim, não existe tempo.

Não sei se volto, e talvez não volte nunca.
E se voltasse, lha pediria em casamento; não aceitaria ‘não’ como resposta.
Prometo-te os extremos brasileiros, como prova do meu amor.
Levarei-te aos meus lugares preferidos e conversaremos sobre o que você gosta de conversar.
Mesmo não te reconhecendo mais... Sabendo que te conheço por essência, desconhecendo o seu instinto sonhador, perdido num mundo que eu não faço mais questão de participar.
Vou te convidar pra beber um absinto e tentar te convencer que você é o grande amor da minha vida.

“Se procura o teu descanso, o elefante fatigado
pode deitar, como um rei, na areia ardendo.
Mas para mim,
afora o teu amor
não existe sol.
Não sei onde estás. Nem com quem.
Se ele fosse poeta
Aquele que torturas assim, poderia trocar o teu amor
Pela glória ou dinheiro.
Mas a mim
Nenhum som deixa alegre
Afora o som do teu nome bem-amado.
Não vou me jogar pela janela,
Não vou tomar veneno
Nem apertar o gatilho contra a minha cabeça.
Para mim não existe lamina nem faca
A não ser o teu olhar.
Amanhã esquecerás
que te coroei,
que o teu amor incendiou a minha alma em flores
e o vão carnaval dos dias que te foram
vai dispersar as páginas do meu caderno...
As minhas palavras, folhas mortas,
Poderão forçar-te
A parar
Sem fôlego?

Ao menos me deixe
Cobrir de um ultimo carinho
Teu passo que se afasta.”


Se procura o teu descanso, sei que encontra. Como consegue tudo que quer a toda hora, e todo momento.
Mais a mim, afora teu amor, nenhum defeito teu irá me deixar sem inspiração.
Não sei onde estás, nem com quem. E sinceramente, não quero saber.
Pelos caminhos inseguros, que eu sei, continuas a percorrer
As pessoas que vem e vão, que te cumprimentam, ou não. Não me chamam a atenção.
Aquela que te faz agora companhia, se fosse poeta, te trocaria por algo maior e mais caro.
Mas competência lhe falta, como te falta também.
Amanhã vai esquecer, hoje mesmo não te lembras,
Que ontem, e talvez a vida toda,
Sem você meu amor, eu não sou ninguém.

Perdão forçá-lo, como sempre faço.
Forçar-lo a dizer e fazer o que não queres.
Principalmente pensar. Sei que te obrigo a pensar mais do que gostaria.
Ao menos me deixe
Envolver-te de um ultimo gesto de amor.
"Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente."

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

É como se tudo fosse errado.
Como se eu torcesse pro time errado, bebesse a bebida errada, fumasse o cigarro errado ou gostasse da pessoa errada.
Tivesse o peso errado, usasse as roupas erradas, visse o seriado errado, lesse o livro errado, assistisse aos filmes errados, gostasse dos atores errados.
Como se eu cantasse as musicas erradas, beijasse as pessoas erradas, desse valor as pessoas erradas, tivesse a cor do cabelo errado.
Morasse no lugar errado, usasse o esmalte errado, jogasse o esporte errado, lavasse a cabeça com o shampoo errado.

É como se tudo fosse errado, e eu gostasse loucamente desse errado.

Bebesse a cerveja errada na distribuidora errada discutindo assuntos errados e fosse levada a sério nos momentos errados.
Fizesse o curso errado no horário errado, pegasse o ônibus errado no ponto errado.
Usasse a maquiagem errada, tomasse do café errado, jogasse sinuca com o taco errado, pedisse carona pra pessoa errada, fizesse os comentários errados com as pessoas erradas.
Comesse a comida errada na hora errada, lesse o texto errado pro dia errado, gostasse da parte histórica errada, pegasse o caminho errado para ir a um lugar errado.
É como se eu fizesse sempre tudo errado entendendo de maneira errada que o certo não faz bem pra mim. O ‘errado’ é meu refugio, e é assim que me sinto mais humana.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

mas já não me interesso muito em causar impressões.


Um pouco mais disciplinada e nunca teria perdido a poesia de sentir o que sinto quando me lembro dos momentos em que estivemos juntos. Que podem ter parecido poucos, mais percebendo, ou não, foi um ano de convivência.
Instáveis, cada um a sua maneira. Descrevo assim o que somos, fomos e nunca vamos deixar de ser. Parece vago. E é. Não sei se o conheço mais... Nem sei dizer se um dia conheci. Apenas parto do principio que somos únicos, e pra mim, no momento, isso basta.
Queria lhe dar por um momento meus olhos e meu coração. Queria que você sentisse como eu sinto, vesse como eu vejo. Pelos deuses, linda vista daqui de cima. Prometeu um dia fazer parte de tudo isso comigo... Mas onde deixaríamos essa natureza de insatisfação que nos persegue tão incansavelmente?
Eu já pedi uma vez. Peço agora de novo: paciência.
Paciência por que a lei que escolhemos pra seguir é permutável, e mesmo sem querer admitir... Não, não damos conta de tudo isso. Olha como as coisas se movem! Olha a velocidade que mastigam nossas palavras! Tudo está parecendo muito mais inútil do que antes! E daqui a alguns anos, meses, semanas... Amanhã! Tudo será muito mais descartável do que o dia anterior. E o meu pai pode insistir o quanto quiser na maldita coleta seletiva, reciclar pra mim não faz sentido nenhum! Já me acostumei com todo esse lixo.
Conforte-me dizendo que de alguma maneira, ainda faço parte de você! E que vai me perdoar por essas palavras mal escritas que digito com tanta rapidez.
Sou um eterno coelho branco: sem tempo sem tempo sem tempo semtempo semtem...
Obedecendo a ordens e deixando pessoas encabuladas.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

14 de fevereiro.

Justo hoje que eu estava me sentindo mais bonita. A calça serviu direitinho, a blusa básica caiu bem, o detalhe das pulseiras, o cabelo que eu trancei cuidadosamente... me esforcei para manter tudo no seu devido lugar. Tomei um banho caprichado na água gelada, depilei as pernas, a virilha e as axilas; do jeito que você gosta.
Contudo, as horas foram passando. O seu celular desligado... “Onde será que você se meteu?”
Nem um telefonema, um e-mail, um recado, uma mensagem. Nada.
“Aconteceu alguma coisa, será?”
Se tivesse acontecido, uma hora dessas, eu já estaria sabendo.
Fui ficando com fome. Preparei um sanduiche, aproveitei para tirar os tênis e relaxar. Mais a minha inquietação era grande. “Assistir televisão? Mais e se ele me chamar e eu não escutar? Vou abaixar o volume. Pronto. Não! Já sei. Vou sentar lá fora. Mais e se o telefone tocar? Vou colocar a cadeira no meio, entre a saída e a entrada. Assim. Vou deixar o celular perto. Ele com certeza já deve estar chegando... disse que viria. Prometeu que viria.”

domingo, 24 de janeiro de 2010

Uma resposta qe demorô.‏

Eu não sei se é a chuva que está muito rala e fria. Ou se é o sol, que é quente de mais.
Nunca mais consegui explicar. Se o problema é sempre citar a mesma frase, eu paro com isso.
“Tanto tempo, tantas coisas.”
Tem sempre alguma coisa fora do lugar. Se é a luz qe está apagada ou o horário de verão qe está atrasado. Tem sempre alguma coisa fora do lugar, com a órbita fora de nexo.
O objetivo é arranjar um motivo pra ir embora. Um motivo pra ficar. Um motivo pra não falar. Um motivo pra se esconder.
É sempre o lugar errado na hora errada com pessoas demais pra te explicar poucos motivos. Motivos criados.
Eu gosto da pegada e odeio a insistência.
A confiança gasta e as tentativas inúteis de ‘não guardar’. Existe tanto rancor.
E as tentativas inúteis... pelos deuses, as tentativas inúteis. São carregadas de desprezos mofados e palavras bêbadamente confessadas.
Se é a falta de criatividade ou o excesso de poesia, eu não sei... o qe te dá mais medo?
Tédio confortável ou insanidade, loucura deliciosamente perigosa (pra quem receia morrer sozinho), qe envolve o corpo com movimentos repetitivos.
Lucidez é normal, insanidade custa caro.
Eu sinto minha pele revidar o qe meu subconsciente pede. Eu sei pelo tremor, é uma sensação antiga... Eu conheço de cor. E juntando com os pensamentos qe eu sei qe passam pela sua cabeça, é criado todo um barato que eu... Não consigo mais explicar. E se o problema é usar sempre a mesma frase, eu paro com isso.
Meus movimentos não são obedecidos. Arrepio e respiro devagar.
Eu também teria me afastado se fosse você. Foi bem mais simples.
Mais você sente a mesma sensação qe eu? De não estar vivendo o suficiente? O limite estipulado? Que poderia ser melhor, ser diferente?
E o qe mais irrita: ainda tem jeito. Mais está tão longe, e o jeito qe está agora... está dando tudo tão certo.
Mesmo estando onde você queria estar, ainda não faz o qe realmente quer fazer.
É tão estranho te ver fazer isso... sério mesmo.
Não sei se é pqe eu conheci você fazendo sempre o qe te desse na telha. O meu beija-flor inconseqüente (é... qe um dia foi tão só meu. Tão irresistível).
Eu sinto você fazendo coisas qe se não fossem feitas, você se sentiria um inútil, desolado, fraco, sem importância. Como se a vida ficasse sem sentido. Acostumado a ser imprescindível aos que procuram alguma resposta em você, ou àqueles que sempre dependeram das suas iniciativas. Que viram em você um espelho, um exemplo.

Credo... joga esse ego fora!

Por que te dá tanto prazer se ver sendo a solução aos que por natureza ou livre arbítrio são passivos e de índole obediente desejam alguém para lhes dizer o que fazer?

São mais de quatro horas da manhã...
Quer saber o que meu coração grita?
Ele grita baixinho o que você esta pensando... Quer ouvir?

“Quando te magoei por querer foi assim: o início do fim
Quando te feri sem querer, mesmo assim te perdi
Mesmo sem querer, perdi você mesmo assim
Sem querer partir, eu parti
Foi assim... Sem se despedir
Sem nenhum sinal de adeus
Eu fugi, escapei
Entrei em contradição
Pensei em controlar o coração
Pensei que podia controlar o coração.”

sábado, 9 de janeiro de 2010

Eu, você e os meus balões.

Já estava tudo mais ou menos pronto.
Você com os seus assuntos multicoloridos e eu com o meu tédio em forma de mistério.

Se isso te fascinava ou não, eu já estava cansada de chamar a sua atenção.

Até ali, eu era só mais uma.

Mais uma que você ficou hipinotizado ao tomar mais cervejas do que consegue pagar, mais uma que comprou jujubas e passou na sua frente na hora de pagar o caixa. Mais uma que se jogou nos seus braços com tanta dificuldade para tirar 10 centavos dos sapatos.
Mais uma.
É claro que isso acontece com você todos os dias.
Conhecidência? Destino? Lugar certo na hora certa? Eu chamo de um delicioso acaso progamado.
Seja como for, eu estava sempre ali. O tempo todo.
Comprando jujubas, tirando 10 centavos dos sapatos.
Os cabelos bagunçados, os óculos sujos, o caderno na mão. O tempo todo.
As vezes de cara amarrada, as vezes cansada, um pouco suada, que seja mal humorada.
Os tênis sujos, a meia encardida, a virilha por depilar, os dentes por escovar, as unhas por fazer ou um pouca cansada pra entender.
Se foi a pomba-gira que baixou ou o calton qe acabou... Vai saber o que rolou. Eu só sei que depois de uma noite inteira, você realmente me notou.
Se era pra ter sido só um beijo, só uma noite, três meses, uma eternidade... Quem se arrisca a dar palpite sem julgar a nossa criatividade? Se deixem levar pelo ar delicioso desse abraço apertado.
Quer saber? Deixa de lado.
A gente resolve depois se tiver algo errado.

O repertório não tinha sido repassado, e se tinha um repertório progamado, eu esqueci de representar o que quer que tenha sido combinado.
Vai ver foi por causa de um certo vinho barato
Me embriagaram pouco antes do ato e eu nem estava mesmo interessada nesse maldito teatro!

E depois daquelas jujubas comidas, esbarradas engraçadas, cigarro picado aceso, nos entregamos a um curioso e estranho desejo.
Se foi rápido de mais, já no dia seguinte conheci os seus pais, eu prefiro não pensar nisso mais.
Eu entendo bem do nosso tempo contado, cronometrado, das inumeras vezes que dormimos abraçado, de quantos beijos significaram: "Obrigado por estar ao meu lado."
Talvez nem tenha notado, ou eu tenha dormido em cima do seu ombro machucado... Vai saber o que te deixou mais irritado.
Mas é do charme que eu mais gosto. Do cheiro de cebola nos dedos, sujos de terra ou todo machucado.

Ah... Foi um doce te amar...
Doce, salgado, amargo, apimentado. A lá farofa com bife requentado.
Já estava tudo mais ou menos pronto mesmo.
Se isso te fascina ou não, eu já cansei de chamar a sua atenção.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

E se for pedir muito:

Abro meus olhos agora sem saber o que realmente sinto.
Se estou perdida ou se estou com medo do que realmente quero,
Simplismente prefiro que voce nao me ligue mais.
Por favor, não ligue.

E nos espelhos embaçados,
que transformam desejos em vontades encardidas,
Caminhos tão, tão, tão... diferentes.
Nos levando a objetivos comuns.

Medos, angustias, ressentimentos
e um simples pedido:
Por favor, não volte.
Aconteça o que acontecer, fique onde está.

Me visite em sonhos
Acalme minha alma
Me diga que tudo ficará bem
Só não alimenta esse vicío de mentir pra mim.

Pára! Chega.
Fique longe dos meus desejos!
Fique longe dos meus surtos de cobiça!
E leve essas desculpas esfarrapadas com você.
Pensando bem, leva tudo. Não deixe nada aqui.
Como posso querer me identificar com um Passáro Azul,
se o seu telefone ainda está na minha agenda
Ele ainda é uma peça essencial,
no alfabeto de coisas que eu deixei pra trás.

Eu só sei que foi embora
Pelo encomodo, não existe mais
Nem quando você tenta.

Me dê sua mente por alguns instantes
E tente não pensar em nada
Você é bom nisso
Inverter movimentos, girar argumentos ao seu favor.

Quais lembranças?
Essas.
Você as quer de volta?
e por quê?

Se você pegasse e sumisse...
mas não.
Sua nostalgia me assombra.
Me deixa completa.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Entender?! nem tenta.

Então eu comecei a falar baixinho e pela minha surpresa ele se calou, e me escutou com cuidado.
“Tudo isso que voce fez, eu já fiz. Cada insulto dito, cada frustação demonstrada, cada verdade incoveniente jogada na cara. Tudo. E vai por mim, não da certo. Isso é o que ele quer ouvir para poder se reafirmar como frio e calculista. Ele passou da epoca que consegue se auto afirmar assim. Agora, ele precisa escutar tambem. A verdade é que ele realmente é frio quando quer, mais é um doce quando sabe que não tem ninguem olhando. Chora quando está sozinho e desabafa quando está inspirado. Sem precisar de hora pra isso, sem precisar de momento ou clima. Ele simplesmente fala quando quer falar, mais nunca escuta. Então, nem tenta. Pelo contrario. É só carinho o que ele quer, tranquilidade. O problama é que pessoas como voce não estam preparadas para entender mentes desorientas e confusas como essa. Complexos, sim. Distantes, instigantes, sinceros. E sabem mentir como ninguem. A difereça minha dele? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, boa pergunta.”
Turbulencias. Sempre as turbulencias. Bastava alguns copos de vinho, algumas olhadas vazias e não nos rendiamos a solidão. Falavamos ali de amizade, do passado, de coisas sem sentido. Sedendo ao jogo de sedução, sempre a mesma carencia. Nem precisavamos daquilo, nem estavamos ali por escolha. Destino? Não, não. Nunca precisamos de disso. É a gente mesmo pedindo mais, pedindo um pouco mais de vida. O ar tenso que eu conhecia tao bem. E olha que eu nem tenho mais paciencia pra isso. No fundo, no fundo era só um pedido: não me deixe sozinha está noite. Não hoje, não agora. Por favor.

Mais a cama sempre fica vazia, grande e fria.

Tenho que ficar aqui, exatamente onde eu estou. Sem fugir, não de novo. Sem cometer erros, sem demonstrar fraquesa.