quinta-feira, 18 de março de 2010

Mais uma dose, dois cubos de gelo, dois dedos de uísque.
A camisola transparente chamava a atenção para o bico dos seios levemente rosados e saudáveis. As unhas bem feitas entravam em harmonia com os pés delicados. As pernas bem depiladas realçando as curvas perfeitas. Os cabelos loiros bem escovados, como o macio do veludo, soltos, revoltosos, caídos sobre o ombro.
“Onde ele está?”
Eram pouco mais de duas da manhã, fazia frio lá fora.
O apartamento era tomando pela fumaça do Calton vermelho e o silencio era ensurdecedor.
Devenue sumia no sofá. Exausta. Entediada.
“Onde ele está?” pensava insistentemente, com os olhos fixos na porta sentindo as pálpebras cederam ao tédio, à embriaguês.
Seria mais uma noite sozinha, afundada numa garrafa de uísque envelhecido.
Sua vulva padecia. Molhada, contraída, vazia. Seu olhar tenso e longe pensando em quantas doses mais precisaria para parar de ceder às emoções. E se fosse preciso mais que a garrafa inteira? Seria necessário ir até o bar mais próximo?
“Ele disse que viria!”
Prometeu que estaria com ela aquela noite. Custasse o que custar.
Teria ficado preso no trabalho? Ou será que sua mulher passou mal de novo? Tantas hipóteses e nenhuma resposta. Era de enlouquecer.
Levantou do sofá, já meio tonta, contemplando com calma os ralos pingos de chuva pela janela. Lá de cima tudo era silencioso, calmo, quase não se ouvia os carros passando pela Avenida 85 que mesmo de madrugada, estava muito movimentada.
“Ele podia ao menos ter telefonado...”
Nada. Nem um sinal.
Até quando poderia viver daquele jeito? Até quando a idade lhe permitiria esse luxo de esperar? Perguntas retóricas e sem importância àquela hora da noite.
Contemplou por alguns instantes o apartamento deserto. Caminhou em círculos pela sala. Já não se lembrava porque se sentia tão sozinha.
Fechou os olhos como se nunca mais fosse abri-los de novo. Tomou a dose de uísque num só gole e sentiu o seu corpo esquentar rapidamente explodindo em fervorosa luxuria. As pontas dos dedos dos pés adormecidos e tomados por uma sensação psicológica de gozo. Desequilibrou-se por um instante caindo sobre os joelhos no carpete impecavelmente limpo. Ainda com uma mão segurava o copo vazio, ocupado somente pelas pedras de gelo ainda não totalmente derretidas. Tocou a vagina e a sentiu levemente molhada implorando para ser penetrada, varias varias varias vezes de novo e de novo. Lambeu os dedos lubrificados deixando morder de leve os lábios úmidos e carnudos. Sentiu-se ainda mais excitada. Com os olhos ainda fechados pegou um dos gelos do copo e chupou-os incessantemente, escorregando-os pelo queixo deixando carinhosamente arrepiarem os bicos dos seios rosados. Sentindo-se prestes a gozar, segurou o desejo descendo o gelo cuidadosamente até os pelos pubianos, penetrando cuidadosamente os dedos gelados varias varias varias vezes de novo e de novo, até finalmente sentir escorrer por entre a virilha o liquido quente e cheio de vitalidade. Reduziu um pouco da velocidade quase se rendendo a embriagues, quando se viu preste a querer gritar loucamente, gemer até não poder mais agüentar-se de prazer. E ali mesmo deitada no carpete penetrando-se deliciosamente, se deixando levar pelo movimento incessante dos quadris, gozou de novo até estar tão molhada como nunca esteve. Parou de uma vez, exausta e insaciável diante da melhor foda de sua vida.

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