quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

É como se tudo fosse errado.
Como se eu torcesse pro time errado, bebesse a bebida errada, fumasse o cigarro errado ou gostasse da pessoa errada.
Tivesse o peso errado, usasse as roupas erradas, visse o seriado errado, lesse o livro errado, assistisse aos filmes errados, gostasse dos atores errados.
Como se eu cantasse as musicas erradas, beijasse as pessoas erradas, desse valor as pessoas erradas, tivesse a cor do cabelo errado.
Morasse no lugar errado, usasse o esmalte errado, jogasse o esporte errado, lavasse a cabeça com o shampoo errado.

É como se tudo fosse errado, e eu gostasse loucamente desse errado.

Bebesse a cerveja errada na distribuidora errada discutindo assuntos errados e fosse levada a sério nos momentos errados.
Fizesse o curso errado no horário errado, pegasse o ônibus errado no ponto errado.
Usasse a maquiagem errada, tomasse do café errado, jogasse sinuca com o taco errado, pedisse carona pra pessoa errada, fizesse os comentários errados com as pessoas erradas.
Comesse a comida errada na hora errada, lesse o texto errado pro dia errado, gostasse da parte histórica errada, pegasse o caminho errado para ir a um lugar errado.
É como se eu fizesse sempre tudo errado entendendo de maneira errada que o certo não faz bem pra mim. O ‘errado’ é meu refugio, e é assim que me sinto mais humana.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

mas já não me interesso muito em causar impressões.


Um pouco mais disciplinada e nunca teria perdido a poesia de sentir o que sinto quando me lembro dos momentos em que estivemos juntos. Que podem ter parecido poucos, mais percebendo, ou não, foi um ano de convivência.
Instáveis, cada um a sua maneira. Descrevo assim o que somos, fomos e nunca vamos deixar de ser. Parece vago. E é. Não sei se o conheço mais... Nem sei dizer se um dia conheci. Apenas parto do principio que somos únicos, e pra mim, no momento, isso basta.
Queria lhe dar por um momento meus olhos e meu coração. Queria que você sentisse como eu sinto, vesse como eu vejo. Pelos deuses, linda vista daqui de cima. Prometeu um dia fazer parte de tudo isso comigo... Mas onde deixaríamos essa natureza de insatisfação que nos persegue tão incansavelmente?
Eu já pedi uma vez. Peço agora de novo: paciência.
Paciência por que a lei que escolhemos pra seguir é permutável, e mesmo sem querer admitir... Não, não damos conta de tudo isso. Olha como as coisas se movem! Olha a velocidade que mastigam nossas palavras! Tudo está parecendo muito mais inútil do que antes! E daqui a alguns anos, meses, semanas... Amanhã! Tudo será muito mais descartável do que o dia anterior. E o meu pai pode insistir o quanto quiser na maldita coleta seletiva, reciclar pra mim não faz sentido nenhum! Já me acostumei com todo esse lixo.
Conforte-me dizendo que de alguma maneira, ainda faço parte de você! E que vai me perdoar por essas palavras mal escritas que digito com tanta rapidez.
Sou um eterno coelho branco: sem tempo sem tempo sem tempo semtempo semtem...
Obedecendo a ordens e deixando pessoas encabuladas.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

14 de fevereiro.

Justo hoje que eu estava me sentindo mais bonita. A calça serviu direitinho, a blusa básica caiu bem, o detalhe das pulseiras, o cabelo que eu trancei cuidadosamente... me esforcei para manter tudo no seu devido lugar. Tomei um banho caprichado na água gelada, depilei as pernas, a virilha e as axilas; do jeito que você gosta.
Contudo, as horas foram passando. O seu celular desligado... “Onde será que você se meteu?”
Nem um telefonema, um e-mail, um recado, uma mensagem. Nada.
“Aconteceu alguma coisa, será?”
Se tivesse acontecido, uma hora dessas, eu já estaria sabendo.
Fui ficando com fome. Preparei um sanduiche, aproveitei para tirar os tênis e relaxar. Mais a minha inquietação era grande. “Assistir televisão? Mais e se ele me chamar e eu não escutar? Vou abaixar o volume. Pronto. Não! Já sei. Vou sentar lá fora. Mais e se o telefone tocar? Vou colocar a cadeira no meio, entre a saída e a entrada. Assim. Vou deixar o celular perto. Ele com certeza já deve estar chegando... disse que viria. Prometeu que viria.”